segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Três torrentes d'água.

Corto as unhas dos pés a cada duas semanas, em média. Nas mãos, elas, as cutículas, os cantos, os fiapos de pele são destroçados a cada 45 minutos todos os dias. Ou a cada ansiedade momentânea. Sangram, quando são puxadas até onde começam a viver.


Hoje um homem se matou na cidade onde morei até os oito anos. Câncer, acho. Não queria sofrer. Um tiro na cabeça às seis da tarde. Deixava as unhas crescer sem preocupação, e, após três semanas, pedia para a mulher cortá-las com a tesoura de costura, que também era usada para efetuar os mais variados cortes daquela casa. Dizem que era um homem muito católico.

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